3 de setembro de 2006

Estamos condenados à liberdade



Não há nada de mal em ser feliz, esquecer por alguns segundos do mundo lá fora e sentir-se plena seja lá onde for. Acredito porém, que esta frialdade em relação ao que acontece no mundo nos torna vítimas de uma culpa coletiva, ainda que muitas vezes imperceptível.

O excesso de desgraças no mundo esta causando no ser humano um fenômeno estranho. Estamos nos acostumando às barbaridades cometidas contra a humanidade. Acordamos e viramos as paginas dos horrores como se tudo estivesse acontecendo em outro planeta.

Afinal o que podemos fazer em relação a milhares de crianças africanas que, como esta, matará a fome de um abutre? Talvez nada.Podemos sim, fazer em relação ao Brasil! Podemos olhar, podemos enxergar o que esta diante de nossos olhos e parar de nos iludir quanto ao país do futebol. Nós temos fome sim! Temos crianças morrendo todos os dias por falta de água, de hospitais, mas principalmente por falta de vergonha e caráter de nossos políticos. Mas afinal, que culpa temos nós? Eles, os governantes, foram escolhidos por quem?Por abutres? Será que estamos esperando um premio Pulitzer de fotografia nos sertões do nosso Brasil? Como dizia Nietzsche : “Estamos condenados à nossa liberdade” É muito mais fácil vivermos seguindo as regras dos outros do que tomarmos consciência de que nós, apenas nós, somos responsáveis por nossas escolhas.


Esta foto rendeu o premio Pulitzer de 1994 à Kevin Carter e deu mais resultado do que qualquer outra reportagem para chamar a atenção sobre a fome no continente africano. Porém, levantou a questão que acompanhou o fotógrafo até sua morte. O que ele tinha feito para salvar a criança? Todos queriam saber, e Carter dava diferentes versões. Chegou a declarar, em uma das suas últimas entrevistas, que odiava a foto. Kevin Carter suicidou-se aos 33 anos, em julho do mesmo ano, asfixiado com os gases do escapamento do carro.

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