28 de outubro de 2007

Minha garrafinha de leite


Arrumando minhas gavetas notei que nunca como atualmente usamos tanto a palavra obsoleto. As novidades envelhecem antes de se tornarem antigas.
Passeando numa dessas feirinhas de antiguidades, me apaixonei por uma garrafa de leite, daquelas que o leiteiro conhecido da vizinhança, deixava na porta de casa toda manhã.
Não vivi essa fase, mas tenho saudades mesmo assim. Quanto tempo durava aquela garrafa? Talvez mais do que muitos da família. Comprei a garrafa mesmo sobre o protesto do amigo que me acompanhava. “Vai fazer o que com essa garrafa? Que mania de comprar coisas sem utilidades.” É verdade que ainda não sei para que serve, mas senti-me atraída por ela. Achei fascinante pensar que uma garrafa de leite, dessas que ia e vinha todo dia para casa de alguém ainda está aí, intacta. Hoje em dia até telefone celular esta se tornando descartável.


Pergunto-me o que ensinam hoje nas escolas sobre bens duráveis. Lembro da psora falando que tudo o que era definitivo, não perecia ou vencia podia ser considerado durável. Uma televisão, por exemplo, não tem data de validade como o leite. Será?
A minha que não é de plasma, pela cara das pessoas ávidas por novidades, já está vencida faz tempo, to até com medo de dar indigestão.
Mas voltando a garrafa de leite, voltei para casa e fiquei procurando uma função para ela. Colocar leite talvez, mas a garrafa de plástico é tão prática e certamente minha empregada quebraria essa de vidro em menos de uma semana tendo que manuseá-la todos os dias. Quem sabe chá gelado?Água ou suco... Não, nada disso.
Decidi deixa-la, na prateleira só para lembrar que as coisas nem sempre tem que ter muitas qualidades, funções ou ser o que esperamos que elas sejam. Basta nos atrair, isso já é tão raro que merece um lugar na estante e quem sabe com o tempo...
Só espero que os sentimentos não peguem carona nessa onda e se mandem para Obsoleto Land!

2 comentários:

Anônimo disse...

Nunca cheguei a ver essas garrafinhas, mas lembro qdo era criança na fazenda as pessoas deixavam os litros nas estradas, esperando que fossem cheios. E nada na vida é tão obsoleto assim, vc já achou uma utilidade para essa garrafinha, enfeitar sua casa.
Hum ... te mandei um email, pedindo, ou melhor implorando pelos endereços do sebo, e nele tinha a dica do filme, vc viu o filme, ou melhor, recebeu o tal email?? (pedromonclar@gmail.com)
Bjos e um ótimo domingo

Gabriela Vargas disse...

Nossa, achei muito legal esse texto e é verdade, as coisas se tornam descartáveis tao rapidamente que chega a assustar. E como você disse, espero que os sentimentos nao se tornem também... Amei, muito lindo e achei a garrafinha demais!
Um beijao