4 de maio de 2011

Minha vida de Princesa

Mais de duas semanas sem fazer as unhas. O trabalho tem me destruído por fora. Mas o castelo cresce por dentro. Em época de contos de fadas, nada melhor que a vida real.
Em minutos descuidados, quando meus olhos fogem do controle e encontram príncipes e princesas, vejo também outros olhos a espiar. Olhos de pessoas que sonham estar dentro daquele vestido branco. Sonham ser observados por milhares ao redor do mundo. Sonham. Sonham.

Enquanto fazia as unhas (eu também adoro me sentir bonita) ouvia a Ana, manicure, me contar sua vida.
Pelo olhar alegre, eu diria que tem uns quarenta e poucos. Pelos netos descubro que ela já passou dos cinquenta. Depois de dias ouvindo mocinhas de família sonharem em trocar de lugar com uma desconhecida, escuto pela primeira vez alguém que pensa como eu.
- "Eu hein, ta doido, já pensou me enfiarem lá naquela corte com um monte de doidos. A última morreu infeliz. Me obrigarem a usar as roupas que o povo gosta, comer o que se deve e até falar com quem eles decidem. Eu não. Não troco minha feijoada na rua por nada. Meus passarinhos, até o ronco do meu marido. Gosto mesmo é de ser eu, pelo menos já me conheço ha mais de cinquenta anos. "

E foi assim que fazer as unhas se tornou um conto de fadas em uma quarta feira qualquer, da melhor vida que escolhi para viver e não troco por nada.

Ja pensou ter que fazer as unhas com uma manicure qualquer a cada cinco dias e não poder fazer prova de aventura, afinal, princesa que se preze não se enfia na lama.

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