22 de agosto de 2011

Memória Deletada. Você Faria?


No que você estaria pensando, se não tivesse a mente tomada por esta pessoa neste momento? Não lembro se foram estas palavras, mas foi esta a ideia de Oscar Wilde, num dos magníficos diálogos de seu O Retrato de Dorian Grey. De fato nosso sofrimento não é causado por outra pessoa. A culpada é ela, nossa velha conhecida, a memória. Não sofremos por não estar ao lado de alguém, mas por já ter estado, por projetar um futuro que não existe em nenhum lugar de fato, a não ser nos lugares mais escondidos de nossa mente. Se você assistiu “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, sabe o que estou dizendo.
E se fosse possível apagar esta pessoa das suas lembranças? E se aquele sofrimento que te impede de comer, de trabalhar e até de ser feliz fosse “curado” com uma pílula, tal qual uma dor de cabeça?
Cientistas estão trabalhando nesta droga, mostra a revista ‘Nature’. A discussão esquenta ao serem questionados da importância de superar uma experiência ruim. Após uma separação, uma decepção, crescemos, aprendemos. São fases importantes do amadurecimento de um homem, argumentam alguns bioeticistas. E neste ponto não é difícil concordar.
Até onde cientistas pretendem chegar, me pergunto? Quando é hora de parar? Existirá este momento? Mas outra ideia me vem em mente. E quanto à sobreviventes de tragédias horríveis. Ou no caso de bombeiros, responsáveis por busca de vítimas em catástrofes? Como não pensar no poder de cura de uma pessoa que assistiu a milhares outras, serem mortas, soterradas. Qual a vantagem em ter estas memórias armazenadas em seu HD?
Questões como estas me fazem entender que nem tudo é certo nem errado.
Nem sempre o pecado é o mal e nem sempre o milagre acaba no bem. Estamos fadados ao acaso, como ilustra de forma perspicaz, Woddy Allen em quase todos os seus filmes. Vou dormir pensando em como nunca temos o comando de nada, nem mesmo de nossas vidas. Somos apenas vítimas do acaso.

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