30 de agosto de 2006

O Velório

Flores coloridas entre faixas douradas. Um homem grande com sorriso no rosto estampa uma das fotos sobre o brilho da madeira impecavelmente lustrada. Pessoas se encontram e inexplicavelmente insistem em se cumprimentar perguntando “Tudo bem?” Escuto risadas, abraços,tapinhas nas costas.
Pelo barulho bem que poderia ser uma reunião de família. “Nossa como você cresceu, quantos anos tem sua filha? Ah é filho? Que maravilha! Que lindo nome.” Mas no silencio entre uma palavra e outra, sinto pensamentos aflitos, perguntas presas na mente. Dúvidas.
Será que ele pulou?Estava tomando anti-depressivos e bebia muito, pode ter passado mal.
Num canto, um menino moreno sentado calado, vestia um sorriso trágico inerte, pálido. Estava só, completamente só.
Pegou a foto caída no chão olhou par baixou nos olhos do homem buscando a todo custo um resto de vida. Nem uma lagrima molhou o papel amassado da foto, olhou para o nada e caminhou até o caixão. “Eu te amo, pai”

Meu priminho Marco Antonio de 17 anos perdeu hoje seu maior herói e companheiro...

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