6 de setembro de 2006

Prefeito Graciliano

Coisa boa é receber pacotes pelo correio. Hoje chegou a revista entrelivros e junto com ela um livrinho. Não sei se é só para assinantes, se for, aconselho à assinar logo, pois é o primeiro da coleção. Nele, no livrinho pequeno e pretinho, um lindo relato sobre a paixão dos livros por Ricardo Ramos filho e logo depois, os "Relatórios do prefeito de Palmeira dos Índios", cidade que Graciliano Ramos foi prefeito por dois anos, antes de renunciar.

“Procurei sempre os caminhos mais curtos. Nas estradas que se abriram só há curvas onde as retas foram inteiramente impossíveis.
Evitei emaranhar-me em teias de aranha.
Certos indivíduos, não sei por que, imaginam que devem ser consultados; outros se julgam autoridade bastante para dizer aos contribuintes que não paguem impostos.
Não me entendi com esses.
Há quem ache tudo ruim, e ria constrangidamente, e escreva cartas anônimas, e adoeça, e se morda por não ver a infalível maroteirazinha, a abençoada canalhice, preciosa para quem a pratica, mais preciosa ainda para os que dela se servem como assunto invariável; há quem não compreenda que um ato administrativo seja isento de lucro pessoal; há até quem pretenda embaraçar-me em coisa tão simples como mandar quebrar as pedras dos caminhos...”

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