4 de fevereiro de 2007

Paulo Francis - dez anos sem seu sarcasmo


Eu ainda era uma universitária quando Paulo Francis morreu.
Dele, a irreverência e um sarcasmo mal humorado escondido atrás das lentes fundo de garrafa de óculos, provavelmente de grife importada, foi o que guardei na memória.

Achava incrível sua honestidade e criatividade. Nem sempre compartilhava sua opinião, que, de vez em quando mudava (“Apenas os idiotas não se contradizem”), ou estava errada mesmo, para delírio dos inimigos e reviravolta própria.

Não perdia a pose nunca - “Não há quem não cometa erros e grandes homens cometem grandes erros”.
Dez anos sem ele e dez frases que só poderiam ser dele:


"A melhor propaganda anti-comunista é deixar um comunista falar."


"Intelectual não vai a praia. Intelectual bebe".

"Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo".

"A ignorância é a maior multinacional do mundo".

"Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando sobre sexo".

"Bebo para tornar as outras pessoas mais interessantes".

"O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle".

“Todo otimista é um mal-informado”.

"É a maior cidade de Porto Rico"sobre Nova York".

"O PT diz ter um programa operário. Mas é um programa de radicais de classe média que imaginam representar a classe operária, e não os operários, porque estes querem mesmo é se integrar à sociedade de consumo, ter empregos, boa vida etc. Não lhes passa pela cabeça coisas como socialismo."



4 comentários:

Ton! disse...

Grandes Francis, isso sim era um jornalista!

Só uma correção: o nome é Francis, e não Francês, ok ?

Abraços

Leandro Luz disse...

Os bons morrem cedo

Axel Pliopas disse...

Você mencionou o "sarcasmo mal humorado"... É impressionante como sarcasmo e mal humor combinam...

Aliás... Acho que o sarcasmo foi feito pro mal humor e vice-versa... Um mal-humorado que é só isso é um rabujento repelível. Um sarcástico que ri de tudo e está querendo alegrar a todos a sua volta é um bobo-alegre, nada mais.

Um mal humorado sarcástico e... quem sabe, um intelectual eventualmente bêbado, certamente bem-informado e devidamente consciente.

Saudades do maior representante da classe.

Samantha Abreu disse...

Bons tempos esses, de ironia fina e contundente...
queríamos mais gente assim!

Ele era fantástico (ou ainda é...)