3 de novembro de 2010

Tropa de Elite 2 x Suprema Felicidade



Uma vez fui a uma exposição de carros com um amigo. Chegamos perto de um maserati e o motor estava aberto. Lembro do olhar de admiração de todos. Nossa, olha quantos cavalos. Olha isso, olha aquilo. Para mim parecia apenas um monte de peças dentro de um carro. Fiquei intrigada com tanta admiração e pedi explicações. O próximo motor que olhei já foi diferente. Cada pecinha era resultado de muito trabalho, havia algo de genial por trás de tudo aquilo. Mas se eu não aprendesse a observar, seria sempre um monte de peças e mais nada.


Atualmente assisti a dois grandes filmes e me lembrei da feira de carros. Tropa de elite é sensacional, eu diria que é uma Ferrari. Você olha e não tem erro, não precisa muito para saber que está diante de uma maquina capaz de te fazer voar baixo.


Já "Suprema Felicidade" do Jabor é uma maserati com o motor aberto. É preciso olhar por dentro. Não adianta querer chegar e simplesmente assistir. O filme exige mais de você. Como toda obra de arte, precisa do observador para ser completo. Tem um pouco de Amarcord, Oito e Meio. Tem um pouco do Fellini da tela, mas se você nem sabe quem é esse cara, não adianta tentar procura-lo.


Gosto da idéia de um filme não linear. Memórias não são lineares. O que faz com que um homem se torne quem ele é? Quais são as influencias, as dores, os sonhos? A nostalgia de um Brasil, um Rio de janeiro na década de cinqüenta sobre a ótica um pouco lúdica de um menino me emocionou em muitos momentos. Não em todos, é verdade. Faltou um pouco de ação, de identidade com quem está do lado de cá. Eu, você. Mas isso não impediu o filme de prender minha atenção. As idéias escondidas nas sombras e eu lembrando do meu querido professor e grande escritor Marcelino Freire. "nao fale que esta triste, mostre a tristeza, como ela era?" O filme parece obedecer a ordem dos artistas. Ainda que apenas pelo personagem do avó, o ótimo Marco Nanini, vale a pena gastar o ingresso e algumas horinhas.


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