17 de janeiro de 2011

Amy Winehouse


Eu adoro passar perrengue. Deve ser isso. Por que outra razão me enfiaria no meio do mato com um mapa, 3 amigos e vários pontos chamados de PC’s entre montanhas, rios e muitos perrengues?
E tudo isso com lama, um barco sem leme, pouca comida e uma bicicleta, carregada nos ombros algumas vezes. Sim, este é meu esporte preferido. Saio da cama quentinha em plena madrugada, hora em que os baladeiros ainda estão chegando a D-Edge, me cubro de equipamento e vou, de cara lavada e sorriso iluminado. Lembrei de tudo isso sábado, bem no meio do show da Amy. Uma aventura, por sinal.
As músicas estavam ótimas, eu, com vontade ir ao banheiro esperava ansiosa a parte em que pelos meus cálculos ela sairia para tomar seu whisky ou fazer alguma outra contravenção. Seria o momento ideal para o meu pipi. E tudo saiu conforme planejado.
Ela foi até mais rápida do que eu. Na volta, dei de cara com o mau-humor de uma turminha ao lado. A julgar pelos penteados eram bem mais fãs do que eu. Uma delas tinha até aquele exagero retro nos olhos.
Discutiam o absurdo, o horror do show. Como pode ser tão louca, dizia uma. Isso é uma falta de respeito com quem veio até aqui, completava outra. Olha lá, ela vai sair de novo. Que coisa triste.
Eu de all star e sem coque nos cabelos, cheguei mais perto para ouvir as “fãs”, afinal é meu trabalho, sou a voz dos meus arredores, tenho que contar o que o mundo me diz.
Como se estivesse em transe, ou melhor, em plena viagem, a diva doidona voltou ao palco e soltou o vozeirão. As mãos acopladas a um corpo que hora parecia estar ali, hora não, dançavam em ritmo próprio. Tudo exatamente como eu havia imaginado. Um pouco mais divertido, afinal era ao vivo. E as meninas, aquelas dos cabelos de teia de aranha não ouviam nada, só as próprias reclamações e foi aí que me lembrei das provas de aventura.
Elas iriam pagar a inscrição, comprar todo o equipamento exatamente igual ao que viram na revista. Perderiam horas vendo fotos de provas de aventura, filmes e até histórias de outras pessoas já experientes no esporte. Chegariam no meio do mato e dariam um berro. Socorro, esse lugar está imundo. Não tem banheiro. Estou com fome. Que absurdo, que falta de organização. Como alguém faz uma coisa assim?
Pessoas que buscam água no deserto e areia na Antártida não se satisfazem nunca. Estas são as pessoas que buzinam com o trânsito, como se o engarrafamento da sexta feira pré feriado fosse uma surpresa. São também as fãs do Rivotril e outras pílulas mágicas.
São elas, os rascunhos da Amy e da realidade. Quem enxerga o óbvio não sofre com a verdade, mas quem vive o sonho do “se fosse assim...” Acaba sempre decepcionada. A cantora não estava nem aí para o show, fato. E foi justamente isso que me deixou mais encantada. Ela estava sendo apenas ela, a pessoa que adora e canta muito. Não estava preocupada com quem quer que fosse. Não fui até lá para ouvir palavras ensaiadas em português, fui para escutar a música de uma das poucas vozes geniais de hoje em dia e foi o que tive.
O show acabou, as meninas foram embora. Eu ainda fiquei, dancei ao som do DJ e achei o maximo a festinha em pleno Anhembi onde de quebra a Amy cantou ao vivo.

3 comentários:

Pedro disse...

Gosto do som dela, mas achei lamentável as imagens que eu vi do show. Não entendo pq várias pessoas reclamaram dela, ora o que esperar de uma artista que há 3 anos não lança nada e só aparece na mídia por causa das bebedeiras e afins? Acho que ela foi o que ela é ... decadente.

Nina Maniçoba Ferraz disse...

Não sei da Amy. Sei que adorei a levada da sua crônica e a vida que é assim: uma imagem projetada nos olhos de quem vê. Essa é a arte de saber viver.
beijos

Lu Gomes disse...

Oi, Gi, tudo bem?

Só vi o seu comentário no blog cartas e postais agora. Ai que vergonha! Eu comprei a trilogia direto pela Amazon. Está para chegar a qualquer momento. Comprei um pouco antes de você ter enviado a mensagem, se não me engano foi dia 02/12...

Ah, estou te seguindo...bjinhos