14 de fevereiro de 2011

O Perigo da peste

Existem dois tipos de pessoas no mundo. As que você pode vir a admirar ou quem sabe até confiar um dia e as que roubam empregadas.

Encontrar pessoas de confiança e que façam um bom trabalho é difícil em todas áreas. Em casa ha um detalhe que torna esta tarefara tão fácil quanto ganhar na loteria o premio acumulado. A sorte. Apenas a dona Fortuna é responsável por fazer aparecer na sua porta uma profissional. Esta palavra, “profissional”, como a ante sala de um consultório já diz tudo. Encontrar uma profissional do lar é como encontrar uma mãe extraordinária abandonada pelo filho.
Mas, mesmo sabendo da dificuldade, vendamos os olhos e lá vamos nós, neste rio de peixes carnívoros.
Como não ha currículo e pouquíssimas referencias são realmente confiáveis, já que as “referentes” teriam que ter também uma excelente referencia. O que vale é a sorte.
Logo depois vem o caráter da mocinha, na maioria das vezes de fora da cidade, sem endereço fixo, nem nada que comprove que sua simpatia é, de fato, real. Depois, a honestidade, a organização e daí podemos prestar atenção na qualidade de seu trabalho.
Saber cozinhar é praticamente ilusão, já que mais da metade mal sabe o que comer. Mas não podemos ser pessimistas. Sejamos ilusionistas e façamos de uma moça honesta, nossa dama da casa dos sonhos.
É o que costumo fazer. Mas este trabalho demora. Começo com o plantio. É preciso escolher as sementes certas para cada terra. Plantar a importância da higiene. Um pouquinho de noções gastrononicas. Dias e dias arando um solo seco com paciência, até ver sair dali uma saladinha, depois um bolo. Mais meses de muito trabalho em casa ( o meu, claro) enquanto o nosso ganha pão é obrigado a sentar esperar  enquanto faz para si um cafezinho.
Mas um dia, quase um ano depois, finalmente comemos um arroz branquinho, feijão sem cara de lentilha e verduras que não morrerm mais afogadas, amareladas em óleo. Mesmo sendo doutoras na arte milenar da negociação salarial. Algo vai acontecendo dentro da nossa casa. E não é apenas a ordem, a comidinha de todos os dias. Aquela pessoa, a única autorizada a abrir suas gavetas de roupas íntimas, aquela que sabe dos seus hábitos mais estranhos. Aquela com quem muitas vezes você se pegou tendo uma agradável conversa, vai se tornando sua companheira de vida. Afinal moram juntas. E esta intimidade, embora perigosa, coloca mais sabor ao bolo com chá no final do dia.
Quando finalmente a história parece começar a mudar de Thriller para sessão da tarde é que vem a Peste direto em nossas plantações.

E qual não é minha surpresa ( não sei porque, já que é a segunda vez), quando quatro anos depois da minha adorada Simone trabalhar para mim, recebo a notícia de que o meu simpático ex-marido, fez uma proposta irrecusável para que ela trabalhe na casa dele? Ao saber sinto um misto de ódio com loucura. Penso em muitos tipos de inceticida, mas sei que a dor pode afetar o fruto que mais importa em minha vida.
Mais uma vez volto aos rios de Caronte e entrevisto almas penadas de todas as idades. O filme da minha vida hoje poderia ser “Um dia de furia” mas vou ser mais otimista e ficar no   “ Bastardos Inglórios”.

2 comentários:

marcos disse...

oi, cheguei no seu blog atavés de outro e achei bem corajoso esse "post". admiro isso, tem um monte de verdades aí que as pessoas não ousam dizer.

Giovanna Vilela disse...

Obrigada Marcos. Foi um momento de "limpeza na casa"sabe como é, ne.