19 de dezembro de 2011

Vamos Montar em Elefantes. Por que?



Bebê elefante sendo domesticado.
Passear montada num elefante. Tem coisa mais incrível que isso? 
Enquanto pesquisava sobre este passeio, tão comum na Tailândia quanto andar de taxi em Nova York, uma questão surgiu.
Como estes animais selvagens se tornam tão dóceis? Estranho eu ter esta dúvida, afinal quem se pergunta como é possível comprar algum produto por menos de um décimos do valor, apenas por ser feito na China?
Qual a importância se aquela bolsa foi fabricada por uma das milhares de crianças escravizadas e por isso fazem com que a mágica aconteça?

Da mesma forma, não ha porque se perguntar como é que aquela linda escultura de marfim foi parar em alguma loja escondida e depois na estante da sua sala. Quem se preocuparia com tantos elefantes sendo massacrados, tendo suas cabeças arrancadas enquanto sangram até a morte? Este é um assunto pesado, melhor mudar e falar de coisas boas, não é? O marfim é um artefato lindíssimo. Seu tom é tão espetacular que até nome de cor já virou.

O povo tailandês, diferente de nós, ocidentais, tem uma cultura milenar, aprende o que aprenderam os mais velhos e fazem o que é preciso para ganhar o dinheiro necessário para alimentar os filhos, mesmo que isso signifique torturar elefantes presos numa jaula, até que eles “aprendam” a ser dóceis e entendam quem manda, quem é o animal inteligente.

Mas por que eles precisam maltratar os elefantes? Por que eles precisariam de marfim? Eles mal têm estantes para guardar objetos. Nós temos.
Nós temos casas decoradas ao estilo africano com patas de elefante cortadas para serem usadas como bancos e combinarem com a cabeça do tigre pendurada na parede.

Africanos exibem o troféu depois de matar os animais
Nós temos criatividade. Nós somos tão geniais que conseguimos empalhar animais mortos de forma tão perfeita que eles ficam idênticos aos vivos. Somos tão geniais que estamos criando um mundo todo à nossa semelhança. Um mundo onde elefantes se deitam para que nós, seres superiores, montem e passeiem pelas nossas terras. Somos nós, os donos das matas, florestas e rios, hoje poluídos por nossa genialidade.

Nós somos mestres em recriar mundos, tanto que em breve, quando os animais selvagens desaparecerem, vamos viver num Bush Gardens. Imagina que maravilha, poderemos até controlar a altura do rugido de um tigre. Quem sabe ainda possamos criar um mar artificial, com golfinhos de controle remoto? Teremos que inventar um capacete para guardar nossa mente genial e fabricar nosso próprio oxigênio. E nesse dia seremos soberanos, donos do mundo e os únicos seres vivos sobre a Terra.

Por isso, antes da festa acabar, quem sabe seja bom começar a se questionar sobre as mágicas.

Um comentário:

Jeff Alcantara disse...

Lindo texto! Parabéns Giovanna, por expressar com tanta clareza o que nós que amamos os animais sentimos e por verbalizar o que muitos que também acham que amam os animais não sabem ou simplesmente não querem ver!