13 de agosto de 2006

Amnesia

Tem dias que acordo esquecida. Quase sempre, nesses dias me esqueço de acordar, como que para compensar as semanas em que durmo 2 horas por noite.
Mas não vá pensando que eu sofra de insônia não, absolutamente. Quando deito, durmo muito bem. O caso é que como não me sinto cansada acabo não deitando e algumas vezes me acabando. Ontem contei 10 dias dormindo em média 3 horas por noite. Acordei às sete e me olhando no espelho notei a falta de olheiras. Tudo estava espantosamente no lugar, sendo assim decidi já que era sábado, iria aproveitar para sair a noite e tentar me cansar um pouco, assim, quem sabe no dia seguinte eu consiga acordar tarde o suficiente para tomar café com algum ser normal que acorde muito depois das sete horas de uma manhã de domingo.
Hoje, domingo, fui acordada às onze e meia por quem havia marcado ontem a noite de tomar café da manhã hoje dez e meia. Saí da cama, encontrei minhas olheiras num rosto cansado que não me lembrava de ter ontem a noite. Tropecei em roupas que não me lembrava de ter usado na festa. De quem era mesmo a festa? Peguei um gatorade e sentei tentando me lembrar de ontem. Um minuto depois tudo ficou claro para mim. Eu estava com amnésia alcoólica!!! Liguei para a amiga com quem havia saído e soube que a noite foi ótima, nos divertimos muito, nada de espetacular aconteceu e aparentemente eu, apesar de um pouco altinha, estava muito bem e ainda conseguia articular um monólogo sobre a importância de ter alguém para conversar ás cinco manhã enquanto tomava um milk- shake de coco com calda de caramelo. Consciência aliviada, tomei um banho e saí para levar os neurônios que sobraram para passear.
E foi aí que a coisa complicou. Cheguei na garagem e senti a cabeça girar ao ver a falta do meu carro. E não é que olhei na minha vaga e fui embora não. Olhei em todas as outras vagas e nada. Como eu estava ali, pelo menos de corpo, sabia que tinha voltado para casa ontem, o que me fez acredita na única hipótese plausível. Eu deveria ter me esquecido de fechar a garagem, esquecido a chave dentro, já que a chave também havia sumido e o primeiro ladrão que passou na rua levou meu carrinho. Fui até a casa do zelador e comuniquei o roubo, pedi que eles procurassem nas câmeras e descobrissem a cara do tal ladrão.
Enquanto isso, liguei no seguro comuniquei o roubo e fui tomar café na padaria da esquina, sozinha, pois já era uma da tarde. Meia hora depois vem o porteiro correndo me chamar que acharam meu carro.
Chego em casa e vejo um homem branco conversando com dois policiais. Eles me olham e senti o sangue corar meu rosto. O homem branco voltou a ser negro e me olhou espantado enquanto lembrava do momento exato da noite de ontem em que antes de sair para a festa de táxi, deixei o carro para lavar com ele, Arouldo, motorista de um amigo que morava perto da minha casa. Ainda lembrei de ter pedido ao coitado que devolvesse meu carro depois do almoço de hoje.

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