29 de agosto de 2006

Inquilino da minha liberdade

Uma casa só sua, o poder de sair e chegar a hora que bem entender, e melhor, com quem quiser.
Ninguém para te falar que esta exagerando na comida, ou no regime, nenhuma opinião sobre seu trabalho ou suas olheiras.Ah, a liberdade, tão sonhada liberdade...
Hoje me dei conta que, embora ainda falte alguns detalhes, basicamente tenho a liberdade tão desejada.

Dia após dia começo a usar essa liberdade deliberadamente a meu favor, resolvo que sou dona da minha vida e me concedo aqueles delicioso prazeres de quem esta só, por opção, não abandonado, o que é muito diferente. Me lembro dos homens(alguns incríveis outros nem tanto) que eu, com autoridade de chefe de estado votei contra a divisão de território.
Muitas vezes, fui até criticada pelas amigas, por não cair nas graças de algum exemplar masculino muito cotado no mercado.

As mulheres, estas sim me olhavam incrédulas, quando dizia que preferia mil vezes ir a um museu sozinha à sair para jantar e ter que ouvir 1 hora de marketing pessoal antes da tacada final, sempre previsível.
Nada como acordar num belo domingo, se arrumar com calma e sair, sem rumo, aproveitar tudo o que a cidade tem de melhor, acompanhada pela cidade é claro.Ir ao encontro de van Gogh no escurinho de algum museu, simplesmente deitar sob uma árvore com Sócrates, ou ainda, andar sem pressa por uma das incríveis feirinhas paulistanas.

Foi depois de vários devaneios de liberdade, enquanto estava sentada num café fazendo o que mais gosto;observar.

Notei uma mulher sozinha, anotando alguma coisa num caderninho, cheia de livros na mesa, parecia até que eu estava olhando para mim. Senti uma pontinha de felicidade por saber que eu era normal.
Um pouco depois levantei, paguei a conta e fui embora. Na saida vi um mocinho (bem interessante, por sinal)correndo com uma florzinha na mão.Do outro lado vinha a moça(aquela que parecia comigo)com um sorrisinho no rosto e uma abraço nas mãos. Fui para casa com meus 10 livros , 5 filmes e nenhuma flor...

Naquele momento tive vontade ouvir aquelas banalidades do dia a dia, tive vontade ter um inquilino para morar nessa minha tão sonhada liberdade.

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