17 de outubro de 2006

Um país traduzido nas telas

Ter morado na Itália contribuiu muito para minha vida cultural. Diferente dos quatro anos que passei nos Estados Unidos, a Itália, viveu e ainda vive de um passado grandioso cultural e politicamente.

Não conheci uma pessoa, por mais alienada que fosse, incapaz de falar sobre o cenário político de seu país. Os italianos falam alto, discutem por tudo e fazem valer sua opinião(eles tem uma opinião pessoal). Tantas foram às vezes em que depois de algumas taças de vinho local, acabávamos a noite numa mesa de bar da cidade eterna falando sobre história ou política.

Já nos Estados Unidos, a situação era bem diferente. Não vou considerar a Califórnia, afinal eu ainda era muito jovem.
Em NY, porém, conheci e convivi com pessoas de várias profissões e diferentes partes dos Estados Unidos, era inebriante a forma como falavam de seu país. Raras eram as discussões políticas, o que acontecia era uma “fofoca” sobre a vida pessoal dos políticos. Na época, Bill Clinton e Mônica formavam juntos, o casal da imoralidade. Não se questionava a qualidade do governo, as posições políticas do presidente e sim a vida privada, a mentira conjugal.
Era como se o presidente tivesse mostrado sua face humana, decadente e emocional. Meu Deus, como pode, um americano agir como um simples mortal?

Este cenário, digo cenário porque efetivamente era como eu me sentia, dentro de um filme ou peça onde todos tinham os seus papéis, foi colocado de uma forma brilhante na tela, por Sam Mendes em 1999 (
American Beauty). Ainda hoje, lembro de estar voltando a pé do cinema com aquela sensação deliciosa de ter visto um grande filme, de ter visto o que eu sentia em relação a um país, traduzido tão bem em imagens. Fiquei conversando sobre o filme por horas antes de dormir. Alguns anos depois, já no Brasil assisti a outro grande filme sobre a situação dos americanos, Dogville.

Tudo isso, veio hoje em mente porque recebi um e-mail de um amigo italiano. Ele lembrava sobre um dia, uma viagem em que fizemos e discutimos sobre o filme que melhor representava a alma de um país. A forma de pensar de seu povo, as angústias e alegrias. Na ocasião, citei rapidamente os filmes sobre a sociedade americana. Ao falarmos sobre a Itália, minha opinião foi uma só. Gabriele Salvatores, um dos maiores diretores de todos os tempos, a meu ver, mostra claramente a ambigüidade do povo italiano.
Constrói uma moral humana, fadada a errar mesmo sendo uma pessoa de bem. Criou brilhantemente a personagem ambígua e fascinante de um homem contemporâneo (Diego Abatantuono) no filme Amnésia(2002), assim como Denti (2000) e Io Non Ho Paura (2002). No e-mail, ele pergunta sobre o filme que melhor traduz o que sentimos hoje, a alma do brasileiro neste momento.
Vou ter que pensar um pouco para responder, alguma idéia?

6 comentários:

Anônimo disse...

como é bom ter essas experiencias na vida né querida?
vivendo e aprendendo, é o qeu sempre digo
bjos e parabens pelo blog!!!

Renata Andrade Chamilet disse...

O lay novo tá maravilhoso!
Ótimo texto. Idéia nenhuma sobre um filme.
Beijo.

Anônimo disse...

Muito, muito bom o teu blog! Vou visitar sempre! Quanto ao filme, acho que ainda não vi nenhum que refletisse tão bem a nossa sociedade, ou pelo menos a forma como a vejo.

Anônimo disse...

bom... eu tenho uma sugestão mas nãolembro o nome agora!
prometo voltar pa te falar!

eh com o josé wilker... ele vai procurar a mãe e se apaixona pela Taís Araújo!

Droga! Desculpa!
não lembro agora!


mas eu axo uma boa sugestão!


adorei
seu blog!
voltarei seeeeeeeeeeempre!

=******

bruni... disse...

Ter morado em outros paises, deve ter contribuído para o seu trabalho hoje em dia...
Só de ver as pessoas na rua, o jeito de falar, a cultura... É de grande ajuda pra quem “cria”....
Filme??? Não sei dizer... Mas vou pensar....

Anônimo disse...

Acabei de linkar você, okay? Não preciso dizer os motivos. Abraço.