Tentei usar o mesmo pensamento Kantiano (me inspirou a correr, contrariando a minha natureza, dispersa, fazendo minha vontade racional, prevalecer ao acaso) domingo, para não correr a Nike 10K.
Sabendo do risco, confirmado pelo médico, de acabar com a recuperação do meu joelho, voltar a ter muitas dores e até, não poder treinar por meses, caso eu teimasse e me enfiasse no meio dos outros corredores.
O mais sensato, diria qualquer pessoa normal, seria abdicar de um dia perfeito de sol e temperatura ideal, acompanhada por vários amigos e simplesmente não correr.
Por “curiosidade”, sexta-feira busquei o numero e a camiseta da corrida. Sábado, na tentativa desesperada, de impedir a mim mesma de correr, convidei vários amigos a sair para beber até muito tarde.
Entre um gole e outro, o som dos copinhos de água sendo pisados na rua (quem já correu sabe do que estou falando) lembravam o que eu não faria no dia seguinte.
A hora foi passando e antes das duas não agüentei. Vou correr!!!! Um prato de macarrão com molho de tomate, por favor!
Menos de quatro horas depois, a maior contradição de mim, vestiu o tênis, o polar e antes de engolir os analgésicos, pensou (por dois segundos) na besteira que estava prestes a cometer.
Nem uma nuvem no céu. Coração mais acelerado que o normal. Dúvidas deixadas no carro. Tudo pronto para a largada. Mais uma, entre 25 mil amarelinhos, esqueço do ceticismo e peço aos deuses que ajudem minha teimosia mais uma vez.
Cinco quilômetros já haviam passado e nada de dor (tomei um analgésico fortíssimo). Deve ser um sinal, me enganei. Vou aumentar o ritmo. Sentindo-me mais cansada que o normal cheguei ao oitavo quilometro em tempo record.
Dez quilômetros e 51 minutos depois da largada, praticamente desmaiando, sentei num canto e joguei água na cabeça irresponsavelmente teimosa, que me convenceu a ser melhor hoje do que jamais fui.
Bêbada de endorfina e satisfação, voltei para casa, coloquei gelo nos dois joelhos (o outro também começou a doer) e desmaiei no sofá pelas próximas quatro horas.
3 comentários:
Estava acompanhando a sua luta consigo própia, pra vencer a dor e fazer o que gosta...
Aproveitou?
Existe conseqüência pra qualquer ato, qualquer ação... Que venha o depois, mais com sabor de missão cumprida...
Beijo...
Olá, Giovana cujo blog acabo de descobrir,
A sua corrida certamente deve passar rápida, mas seu relato certamente transcorreu devagar para ser apreciado.
Muito bom, fico feliz em descobrir este cantinho.
Conheci vindo do Garibada.
Poeticamente marchando,
Fred
Oi Giovana!
Realmente parece que as coisas que não devemos fazer são as que mais precisamos fazer acontecer pra que possamos nos sentir bem com nós mesmas!
Beijoo
Postar um comentário