20 de março de 2007

Um conto imaginário, uma cidade surreal e personagens que poderiam ser qualquer um de nós




Ele veste jeans, boina e um pouco de timidez escondida atrás das lentes escuras.
Ela não sabe o que vestir. É St. Patrick´s day! Deveria usar verde, mas escolhe bege.
A neve, incomum nessa época, escondeu alguns detalhes da outra personagem dessa história.
Ele virou a esquina da rua 63 e viu, de dentro do restaurante Bilbuquet, olhos sorrindo para alguém do lado de fora. Estava acompanhado apenas de seus pensamentos, e foram eles a entender que o sorriso só poderia ser para ele.

Pensou em entrar, mas não teve coragem.
Pensou em sorrir de volta. Sentiu suas pernas pisarem em nuvens.
Não era impressão, nem paixão, ainda.
Era ela, new York, a seu modo, com neve cobrindo buracos.

Derrubando homens que não sabem parar.
A timidez não caiu junto com os óculos.
Do outro lado do vidro, pessoas deixaram de dar um gole no vinho rose, gastaram dois minutos olhando para o homem caído chão, antes de voltarem a viver, cada um a seu modo.
Ela não bebia. Nem parecia estar vivendo do modo que queria até aquele instante.

Sem que eles soubessem, ela agiu rápido e colocou os dois lado a lado.
Manipulou também o vento gelado obrigando-os a entrar.
A falta das palavras pediu ao garçom uma garrafa de vinho da casa.

Os amigos dela já tinham saído e outra garrafa estava chegando quando a conversa ensaiada, se afogou e deixou as mãos serem salvas umas pelas outras.
Os Irlandeses beberam, cantaram, subiram nas mesas e pediram para acender as velas quando a noite chegou...

Eles não sabiam ainda, mas ela, New York, está sempre em busca de novos personagens para seu filme e naquela noite, eles foram os escolhidos...

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