18 de junho de 2007

A Alma Imoral


Já faz tempo. Mais de um ano. Assisti o Púcaro Búlgaro no Rio e falei, “vai demorar até eu assistir outra peça tão boa”.

A alma imoral é ainda melhor. Não é tão gostosa e divertida de assistir, mas é intrigante e extremamente perturbadora. É contagiosa, tanto que saí do teatro direto para a livraria.

A noite de sábado, que deveria acabar numa boate chamada cabaré Kalesa, ficou pequena para tanta inspiração e me levou de volta ao quarto do hotel junto com o livrinho, inspirador da peça, do rabino Nilton Bonder.

Clarice Niskier, ganhadora do Prêmio Shell pelo papel dela mesma, leva ao palco passagens da bíblia, parábolas judaicas e questões filosóficas existenciais capazes de perturbar santos e demônios.

E são justamente os demônios de uma mulher que se diz Judia-Budista, que transgredindo a própria transgressão, desvia meu olhar para um canto de mim ainda não conhecido. Pode até parecer loucura, mas é inacreditável a força que tem um corpo desnudo de roupas e cheio de conhecimento.

Embora a peça fale sobre religião, não discute dogmas ou crenças, o que acredito pessoal e indiscutível. A alma imoral é uma peça inteligente e democrática. Capaz de agradar católicos, judeus e ateus.

Clarice, nua e apenas com uma cadeira no palco é capaz de nos deixar tão confusos pensando no que acabou de falar que, em certo momento, ela faz uma pausa, como numa aula e pergunta quem está perdido, sabendo que dificilmente alguém não está. Ela repete a parte que pedimos.

O espetáculo certamente virá à São Paulo, mas quem não agüentar, leia o livro, vale um ano de terapia.

2 comentários:

Anônimo disse...

que pena...gostaria de poder ter dividido toda essa inspiração juntos.... -:(

Anônimo disse...

Desculpe, mas acho que vc nao prestou atençao direito...o nome da peça eh A Alma Imoral e nao Imortal.