Minhas sobrinhas brincando com moradores locais. |
Quem escreve este texto não é uma paulistana. Embora nascida em São Paulo, fui criada na Amazônia. Convivi com índios e aprendi a amar a floresta mais do que qualquer outro lugar no mundo, e olha que já conheci muitos lugares por aí, mas nenhum com as curvas dos nossos rios e a quantidade de verdes de nossas árvores. Sou filha de um homem que nunca quis sair da própria fazenda pois dizia, e hoje acredito, que não havia no mundo lugar como aquele.
Diferente dos que
levantam a bandeira do “Contra Belo Monte” sem o menor conhecimento de causa,
venho me informando nos últimos tempos. Por um único motivo, eu quero saber do
que é que estou falando.
Maravilhas da A,azônia |
Eu não fui até a área que será alagada. Fui para a China, fiz
uma viagem pelo sul do país onde o foco era: Hidroelétricas. Mais do que
conhecer usinas, convivi durante vinte dias com os maiores especialistas em
energias limpas do Brasil. Aprendi sobre a enorme riqueza do nosso país em
matéria de energia. Temos ventos constantes no nordeste, o que torna o lugar
perfeito para energia eólica. Temos milhares de Km de rios e muita chuva.
O que acontece é que quando chove, não venta, e vice e versa, sendo assim, fica
claro que o ideal seria que tivéssemos as duas fontes de energia. Mas há um
problema. A energia eólica, embora cause um dano menor à natureza, ainda tem um
custo muito alto, fator que certamente com o tempo vai melhorar, assim como
aconteceu com as hidroelétricas.
Também entendo
que, ao contrário do que falam os artistas, não seria possível “trocar uma Belo
Monte por uma eólica”. Por um motivo bem simples. Ao invés dos 516 km alagados
(sendo que metade desta área é rio, mas eles também não dizem), seria
necessário 1306 km2, isso considerando uma área plana e em perfeitas condições
para a construção de eólicas. O custo seria um número indecente.
Eu e meus irmãos aprendendo mais sobre usinas |
“Vendo pelo lado
sustentável, é muito questionável o impacto de uma usina daquele porte, países
como Noruega, que tem grande potencial hídrico, como o Brasil, estão optando
por fontes e projetos mais sustentáveis.
Geração distribuída (auto
geração), casas com painéis solares e turbinas eólicas, que inserem energia no
sistema, eficiência energética...Tem muita coisa pra ser feita.
Por outro lado, as usinas
térmicas, gás, óleo, carvão tem aumentado muito, estas sim, poluidora, além
da nuclear, que eu sou contra, apesar de ser limpa, entretanto, não vale o
risco enorme de uma contaminação, vendo por esse lado, grandes
hidrelétricas são preferíveis.”
Cachoeira onde costumava ir com meus irmãos |
Mesmo assim, eu acredito que o Brasil seria ainda mais bonito sem Belo Monte, sem Angra I e II, e como disse uma grande amiga minha, a Danita, seria melhor se o Belo Monte fosse apenas belo. Mas a contrapartida disso tudo é o progresso. É o consumismo desmedido.
Muitos têm tempo
para entrar no FB e postar vídeos, pedirem para salvar o planeta com um clic
enquanto estão sentados em seus escritórios no ar condicionado, usando seus
iPhones, iPads, carros que consomem gasolina, aquecimento elétrico para
tomar seus banhos quentinhos. É fácil falar de 560 Km que representam menos de
0,0092% da nossa Amazônia. Nem vou falar
das madeireiras e queimadas ilegais que devastam mais de 7000 km por ano da
mesma floresta. Mas isso, vocês ainda não sabem, pois não fizeram video.
Tudo o que
envolve muito dinheiro no Brasil e também em outros lugares do mundo, levanta
suspeitas. Belo Monte não é diferente e não defendo os interesses financeiros
deste projeto, defendo que se analise a realidade e não fatos deturpados.
Minha irmã, Maressa, na fazenda. |
Se eu pudesse
escolher, viveria num país com menos carros, menos concreto, menos TV, menos
consumo e mais gente. Viveria com menos luxo e mais qualidade de vida. Teria
prazer em assistir à construção de parques e não shoppings, de mais bibliotecas
e menos salas de vídeo game, de mais praças onde pessoas de encontram para
conversar e menos lanhouses onde pessoas se recriam para encontrar com amigos que
nunca viram ao vivo.
Mas a realidade é
outra e é culpa de vocês. De todos vocês que se recusam a andar um quarteirão a
pé, que saem de casa e deixam a luz acesa, “para espantar ladrão”. Eu, você,
todos nós somos vítimas das nossas escolhas, mas não somos vítimas das nossas
palavras. Fale o que pensa e pense para falar, mas não me venham com essa lição
de moral de salvar os índios enquanto vocês estão sentadinhos atrás das suas mesas de
madeira, usando carteiras de couro e comendo frutinhas importadas que vieram
queimando combustível em navios até chegarem ao supermercado super refrigerado
onde você estaciona seu carro e escolhe o que bem quer.
Sou a favor da discussão consciente, discutindo e estudando é que se formam opiniões de peso.
3 comentários:
não entendo mto desse lance de energia, mas sei que o Brasil é um país rico em matéria-prima, diferente daqui da Alemanha, que tem que ser importado. Exatamente por isso aqui tem incentivo para aumentar a participação das energias renováveis. Além dos parques de energia eólica no norte do país, lá no sul, em Freiburg, temos exemplo de energia sustentável. Achei uns vídeos interessantes, vou te mandar por email.
bjo
o email com os vídeos voltou, mas enfim, construir uma hidrelétrica na amazônia, é inaceitável.
bjos
Manda o e-mail para giovyi@gmail.com
Pedro, a hidroelétrica não vai interferir em muita coisa na Amazonia, os índios inclusive são os que mais apoiam. O espaco alagado já é um rio. Existe muito a se pesquisar, mas o assunto e mais complexo do que parece e o absurdo é menor do que imaginamos também. A Amazonia é muito rica em água. A energia hidroelétrica é limpa. A água entra limpa, gera energia e sai exatamente tão limpa quanto entrou. Me manda o e-mail que te mando notícias. Estou pesquisando bastante este tema. bjs
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