29 de setembro de 2006

Mais uma sobre as eleições

Sabe aquele vizinho barulhento, aquele primo invejoso? Todo mundo já pensou em matar alguém um dia. Pois é, agora pode. A lei proíbe a prisão antes das eleições. Aproveita que esta é a época certa.Agora, se você é o vizinho barulhento,cuidado.
A legislação eleitoral determina que nenhum eleitor pode ser preso na semana das eleições, a não ser no caso de prisões em flagrante ou cumprimento de sentença condenatória por crime inafiançável. Neste ano, a determinação começou a valer na terça (26) e dura até 3 de outubro --48 horas após a conclusão das eleições.
Isso mesmo, só não pode ser pego em flagrante, ou seja, não chama a polícia antes. Mas depois pode chamar, pode até contar tudo e sair andando. Foi o que fez Adriano depois de matar a mãe. Mas antes, enquanto os assassinos contratados por ele faziam o trabalho, ele, o futuro herdeiro, assistia ao jogo tranqüilo em casa.
Se alguém quiser pode até matar algum candidato a presidente. Melhor não dar idéia...


estudante universitário Adriano Saddi Lima Oliveira, 23, confessou nesta quinta-feira (28) que pagou R$ 40 mil a dois homens para matarem sua mãe, a empresária Marisa Saddi, 46, segundo policiais do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) de São Paulo. A polícia, contudo, não pode prendê-lo devido à legislação eleitoral.

27 de setembro de 2006

Fraternidade (resposta ao Leandro)

Seguindo a sugestão do
  • Leandro Jardim
  • em meu último post, escrevo sobre fraternidade e aguardo o que ele escreverá sobre liberdade.


    Amor de irmãos, aquele amor incondicional, baseado na igualdade, na ambivalência. Este é o significado de fraternidade. Muitos confundem seu significado com caridade, onde a ajuda vem do mais forte e não ha igualdade.
    Não vou entrar em questões iluministas, vindas de mentes brilhantes como Kant e Rousseau, a intenção é apenas refletir quanto à fraternidade. Será que ainda existe? Certamente viveríamos num mundo melhor se todos buscassem um bem comum. O que me incomoda é justamente o fato de acreditar que este bem, a muito se perdeu em outras questões bem mais superficiais que a fraternidade.
    Busquei inspiração na república de Platão, nos tratados políticos de Aristóteles até os dias de hoje. Encontrei vários ideais políticos, muito diferentes entre si, mas e a fraternidade? Estaria então o seu significado no passado?
    Caim e Abel, Rômulo e Remo, Zeus e Hades?

    25 de setembro de 2006

    Igualdade? Não obrigada!

    Como de costume, domingo fui à exposições, passei na livraria cultura e acabei o dia numa mesa de restaurante. Copos vazios e amigos falando ao mesmo tempo. O sempre polemico Mr. E chegou atrasado. Foi receber a herança da avó, um túmulo! Veio acompanhado de um amigo francês, músico, que sofria de “estresse visual”.

    Falávamos de política quando o tal amigo, usando todo o seu charme e sotaque, resolveu “ensinar” sobre política e igualdade social.
    Citou passagens da bíblia e ensinamentos da sua filosofia (ele acreditava que nós humanos, havíamos desviado dos princípios básicos da felicidade, entre eles, o mais importante, igualdade social).


    Igualdade? E quem foi que disse que Deus prega igualdade. Eu, ignorando a cara de “não começa” dos amigos, continuei com minha opinião.
    Não sou dada a discussões religiosas, até porque crenças são pessoais e eu sou um tanto cética.
    A história das religiões, porém, me leva a crer que deus, seja ele qual for, não é, e nunca foi a favor de igualdade.

    “Criou” pessoas de todas as cores em todo canto desse mundo. Os homens, esses sim adoram inventar problemas. Primeiro, a igreja inventou o tal do pecado (só mesmo pessoas de muito mau gosto, para transformar um prazer num pecado). Tudo isso além dos que já nascem defeituosos física ou intelectualmente.


    O francês do outro lado continuava discordando.
    Mr. E já fazia aquele olhar de “depois reclama que os homens não te entendem”.
    Alguém, tentando evitar maiores constrangimentos, começou a falar sobre a Londrix, feira de literatura de Londrina. O restaurante virou sarau por alguns minutos e cada um teve sua chance de falar sobre algum poeta. Eu escolhi Mullá Nasrudin:

    Nasrudin tinha um pacote de balas na mão e disse para um grupo de meninos que estava por perto: Vou dar essas balas para vocês. Querem que eu distribua segundo a lei dos homens ou segundo a lei de Deus? Segundo a lei de Deus, disseram os meninos. Então Nasrudin deu uma bala para um menino, duas para outro, o resto do saquinho para outro e deixou todos os outros chupando dedo. Eles reclamaram e Nasrudin respondeu: Ora, foram vocês que escolheram a lei de Deus. Igualdade é lei dos homens.

    Será que não foi uma boa escolha?

    22 de setembro de 2006

    Shaná Tová

    A tradição judaica diz que foi neste dia que Adão e Eva foram criados e incorreram em erro ao tomar da árvore da ciência do bem e do mal. Por isto Rosh Hashaná é marcado como "o príncipio dos dez dias de penitência", onde crê-se que Deus julga os homens, e estes devem se arrepender de seus erros e perdoar uns aos outros.

    Como não sou judia, estou livre dessa!!!!

    Shaná Tová à todos meus queridos amigos judeus (10 dias de penitencia?Boa sorte!)

    O Perfume de Beatriz - final do conto

    No dia seguinte começou a primavera e também a nova vida de Beatriz. A casa era linda, uma espécie de palácio medieval. Paredes de pedra, tapetes persa. Candelabros iluminando seu caminho e Dante sempre por perto.
    Pouco a pouco as cores foram voltando aos olhos de Beatriz. O mundo cinza lá de fora foi desaparecendo até diluir por completo em meio às cores do paraíso.
    Dante, eufórico com sua Vitória, saiu correndo para contar ao amigo. Ao voltar, procurou Beatriz e percebeu que o perfume havia sumido. Ela estava chorando num canto escuro.
    Por onde andou e porque me deixou, ela queria saber. Você não entende que minha visão agora depende de você? As cores voltaram para minha vida, mas meus sonhos sumiram. Todas as noites tenho medo de fechar os olhos, pois só existe o que vejo, nada mais me espera. Esqueci do mundo lá fora, meu mundo agora é você.
    E neste mesmo instante foi que um arrepio visceral cegou Dante por completo.
    Ele tentou abrir os olhos, mas pareciam presos, ressecados.Fugiu para fora da casa. Ainda ouvia os soluços de Beatriz quando chegou ao rio.Abriu os olhos e correu de volta para seu mundo...

    Noticia

    Pobreza cai, mas ainda atinge 42,6 milhões de brasileiros, diz FGV
    E olha que ser atingido por um peso desses e não morrer não é para qualquer um...

    21 de setembro de 2006

    Parte I do conto "O Perfume De Beatriz"

    Dante era um homem sábio apesar de calado. Romântico e pragmático. Estudou filosofia e medicina, mas acabou se tornando oftalmologista. “Para ajudar os outros a enxergar” dizia ele.
    Atendia todos os tipos de pessoas. Aguardava o dia em que teria a chance de “concertar” a visão dos políticos, mas este dia nunca chegou. Via o mundo se transformar num inferno à sua volta até o dia em que sua secretária anunciou a próxima paciente.
    O perfume de damas da noite chegou antes que a visão de Beatriz num casaco branco e boina de veludo vermelho. As palavras abandonaram a mente, e o rosto sempre austero do doutor, corou por um instante.
    Beatriz dizia estar perdendo a visão das cores. Contava que aos poucos as flores já não eram tão coloridas e o céu parecia estar sempre nublado. Seu maior medo era que o preto e branco tomassem conta de seu mundo até que tudo virasse cinza.
    Dante se aproximou e examinou a paciente como de costume.
    O que encontrou, no entanto, era diferente de tudo o que havia visto. Os olhos de Beatriz continham tal perfeição que era difícil acreditar ser de um ser humano.
    A medida que se aproximava , o perfume ia consumindo sua razão, seus sentidos até que sentiu-se tonto e teve que se sentar para dar o diagnóstico final.
    Disse que era um caso raríssimo, uma doença pouco conhecida, mas ele faria um tratamento. Ela deveria voltar às quartas-feiras sem falta ou a doença tomaria conta de sua visão. Assim que Beatriz saiu levando seu perfume, uma falta de ar consumiu o doutor. Preocupado tentou abrir a janela, mas sua visão estava embaçada. O mundo gris girava. A cabeça doía, as pernas estavam fracas.
    Ele saiu do consultório perturbado e pela primeira vez na vida não foi almoçar com a esposa Gemma. Tampouco atendeu os filhos ao telefone.
    Vagou pela cidade em companhia apenas da imagem branca de uma Beatriz com perfume de damas da noite. Sem saber aonde ir, e ainda enxergando muito mal, foi para a casa do amigo Virgilio.
    Contou a história toda, e esperou calado o conselho do sábio. Virgilio, porém, nada disse sobre Beatriz. Olhou o rosto cansado do amigo, e sussurrou algumas palavras. Dante recuperou sua cor e esperou calado. Os dias se foram e na quarta feira pediu que Virgilio o guiasse até o consultório. Assim que Beatriz entrou, sua visão voltou por completo, a falta de ar passou e ele entendeu o que deveria fazer. Examinou novamente Beatriz e lhe contou sobre sua doença, rara e perigosa. Teria que ser internada numa clinica conhecida como Paraíso. O lugar era muito bonito, cheio de flores de todas as cores e tinha também um rio que corria em volta da vila formando uma espécie de ilha. Beatriz parecia assustada, mas não tinha escolha e acabou concordando.

    ...o final chega amanhã...

    Lula

    "Células-tronco conseguem restaurar parcialmente visão de ratos" ,diz a Folha de São Paulo. Será que funciona também com Lulas?

    20 de setembro de 2006

    Recado para o Olimpo

    Cronos querido, obrigada por multiplicar os minutos das minhas horas dormidas. Desculpe se ontem a noite não te dei tanta atenção. É que Bacos, as vezes complica um pouco minha percepção em relação a você. Morfeu também deve estar chateado comigo. Prometo deixar um tempo reservado para ele no final de semana. E Eros, eu ando uma fera com você viu. Sai um pouco da vida da Cicarelli e vem me fazer uma visita. Ultimamente só escuto falar de você quando vou ao cabeleireiro e leio Caras. Até mais tarde, tenho um encontro com Apolo e já estou atrasada.

    19 de setembro de 2006

    Bienal

    A bienal está chegando, trazendo como sempre novidades, polemicas e novos artistas. A novidade é que pela primeira vez, a escolha da curadoria foi feita através de concurso de projetos. Não vou falar dos artistas, prefiro esperar para ver as obras prontas. Mas a mostra de cinema que vem junto está me deixando com fome de pipoca. Os filmes serão exibidos no Museu Lasar Segal e no Cine Bombril. E só para deixar com água na boca vai ter Jean Luc Godard e Hainer. Para quem (coitado) não conhece:

    Godard : Um dos mais polêmicos diretores do mundo. Ajudou a criar a nouvelle vague e o lindo filme Nossa Musica.

    Coexistence

    Minhas manhãs estão mais reflexivas. O parque do Ibirapuera, companheiro matinal desta paulistana que adora correr bem cedinho, ficou ainda melhor. No meio da volta de 3 km, está montada uma exposição cheia de surpresas sobre um tema muito interessante e atual. Coexistência!
    Normalmente, durante a corrida escuto mais musicas do que meus pensamentos, uso esta hora para descansar os neurônios e esperar que a inspiração caia do céu (de vez em quando ela cai mesmo).
    Nas últimas semanas, porém, tudo mudou.
    O i-pod fica descansando no carro e a cabeça vai correr comigo.
    A cada volta presto atenção a uma foto diferente. Mas o que mais chama minha intenção é esta palavra COEXISTENCIA, raridade.
    Para coexistir, primeiro é preciso efetivamente existir (Filos dasein - modo de ser determinado ou determinável P. ex. a existência dos objetos matemáticos que se define pela não contradição 7. modo de ser atual concreto 8 filos.modo de ser próprio do homem [Cf.existencialismo].
    Existir? Será que sabemos existir realmente? Nietzsche já nos ensinava,” torna-te quem tu és”,parece fácil? Não é.
    O problema é que embora uma parte de mim seja cheia de esperanças quanto ao futuro do mundo (que coisa mais blasé, parece até frase de miss na hora de se apresentar ao júri), a outra parte, a dominante, que tem uma certa simpatia pelo pessimismo de Sêneca, não acredita que seria possível a coexistência de milênios de ensinamentos antagônicos num mesmo planeta, ainda que este planeta seja azul e enorme. Se não conseguimos coexistir saudavelmente num grupo de dez pessoas, criadas segundo os mesmos costumes, como seria então possível judeus, muçulmanos, católicos, todos juntos numa pequena faixa de terra? Tem uma foto muito bonita, sobre este tema lá. Todas são interessantes.
    Na primeira volta, achei linda e inspiradora. Na segunda me pareceu linda e utópica, na terceira, eu já estava mais cansada e a realidade ficou mais clara. Todas as fotos são incrivelmente criativas, nos deixa com uma certa esperança de um mudo melhor. Dá vontade correr e dizer ao mundo que somos todos iguais, brancos, pretos, amarelos.
    Aos poucos o efeito da endorfina vai passando, a vida real entra num carro e se tranca ao ver o primeiro motoqueiro negro estacionar ao seu lado. Tudo volta a ser como antes e as crianças de pés no chão pedindo um trocado, voltam a ser paisagens do nosso cotidiano.
    Não adianta ficar pensando o que pode ser feito pelo mundo, se queremos ver alguma coisas mudar, adivinha quem tem que fazer? Pois é? Quer mudar o mundo, faça parte dele. Para coexistir é preciso existir!


    Tem uma menina que resolveu fazer o que todos nós um dia já pensamos , mas poucos concretizaram.
    Ela, a Isabela é responsável por um projeto que pretende alfabetizar milhões de pessoas, para que elas tenham a escolha que nós temos hoje de ser quem somos e existir!
    www.alfabetizacao.org.br

    17 de setembro de 2006

    Arte ou lixo?

    Domingo cinza. Amigos reunidos num bistrô de Higienópolis e as recorrentes discussões sobre o intuito da arte e a moral do artista. Cada um impunha seu ponto de vista, ao mesmo tempo, e num volume proporcional às garrafas de vinho consumidas.
    O garçom servia a quinta rodada de café e os outros clientes fingiam não ouvir nossa conversa. O tema agora era quanto mórbida poderia ser uma obra de arte e ainda ser considerada arte.
    Dono de uma das coleções mais bizarras e geniais da cidade, Mr.E, discorria sobre suas novas aquisições e assistia contente o desmoronamento dos conceitos artísticos estabelecidos até aquele momento. Citava Oscar Wilde e Tomas Mann quando um som, dos mais estranhos, chamou a atenção para seu telefone nada convencional (encapado com fotos de ossos humanos).
    “Oi Patrão,to com uma duvida,desculpa atrapalhar. To aqui na sala e bem ao lado daquela caixa de vidro com umas bonecas dentro, tem uma lagartixa morta. Posso jogar fora ou é alguma obra de arte?”

    Meu time de coração

    Coisa boa é torcer para o São Paulo e ouvir a torcida chacoalhar o estádio num grito alucinado de gol...E quando acaba 2 x 0 então. É para dormir com a alma lavada...

    Festa da Dahoui



    Não sei não, mas a virginianisse da Dahoui superou a minha numa festinha cheia de detalhes maravilhosos. Dancei com a debora Colker e companhia, tomei muito ruela, fora a heleninha Hoitman que estava impagável,chegou atrasada, teve que bater um papo com Morfeu para se recuperar do happy hour com Bacos.Ah esses meus amigos...

    13 de setembro de 2006

    Pipoca e Prada

    Saltos menos altos que o som das moças falando sobre a bolsa da vizinha. A pipoca pulava dentro da casinha de vidro. Fotógrafos fingiam desconhecer alguns “ninguéns” em meio a tantos “qualquer-coisa-por-tempo-indeterminado”. Gorduras zero desfilavam em saltos stiletos, vez ou outra, presos na escada rolante.
    Pipocas prontas e enfileiradas a espera de alguém faminto. Mulheres enfileiradas famintas não comem pipoca, engorda (junto com o convite para a “ premier ” vem um vale pipoca, a minha acabou na fila...). O diabo vestia Prada na tela, as mocinhas ao lado eram vestidas por Prada.
    Uma mocinha talentosa para as letras e nem tanto para a moda. Chefe maravilhosamente fria e calculadamente eficiente. Transformação da secretária cafoninha em Carry morena. Roteiro previsivelmente divertido. Roupas e maquiagens sonhadas por qualquer mulher dentro da sala (Gigi inclusa). Carolinda sentadinha ao meu lado, ouvia meus comentários enquanto pensava numa maneira de me convencer a ir para a festinha depois do filme. Eu pensando na pipoca que não deveria ter comido na fila.

    Tudo isso numa terça feira qualquer de uma cidade chamada São Paulo e com um final tão previsível como o filme; Gigi na festinha e a Carol esperando quem “não queria nem pisar em festa terça feira”.

    11 de setembro de 2006

    Malbec?

    -"Malbec seria perfeito para acompanhar sua carne."
    Um sommelier? Não! Um robô. Segundo a revista época, este é o novo mimo dos excêntricos de plantão, um robô sommelier e dos bons!


    E já que o futuro chegou, porque não tomar seu vinho ouvindo uma das novas composições de Vivaldi? Nem os mortos escaparam da moda clonagem. Um novo programa promete produzir novas peças seguindo a mesma regra utilizada pelos grandes gênios.
    Ah, não é só isso.


    Também foi descoberto que os poetas que cometeram suicídio usavam pronomes na primeira pessoa do singular, como “eu”, “meu” e “mim”.
    Aparentemente os computadores sabem tudo sobre todos. Estou curiosa para saber o que um computador desses, diria sobre os brasileiros que depois de tudo isso ainda se dizem felizes e dispostos a votar no Lula. Se não são robôs programados pelo pt, só podem ser suicidas!!!!!

    10 de setembro de 2006

    Vulnerabilidade da alma urbana


    Fui convidada a participar de uma exposição coletiva que deve começar em novembro. O problema é que cansei de todos os meus quadros.
    Se eu não tinha certeza da minha arte, agora não tenho mais dúvidas da minha loucura. E num rompante de criatividade resolvi me reinventar.

    Acordei decidida a mudar. Tirei tudo do meu atelier, tintas, telas, pincéis... Ficaram os livros e meu computador. Comprei uma câmera nova, já que a minha morreu afogada num copo de vodka, (pelo menos era Grey goose).

    Decidida, fui em busca da essência da solidão urbana, da vulnerabilidade da alma desta cidade(estou em dúvida em relação ao tema).
    Algumas fotos depois, percebi que ainda não estava conseguindo enxergar as coisas de um modo diferente.

    O problema era comigo. Senti que meu olhar estava ainda viciado, cru, sem rumo.
    Não tive dúvida. Fui direto ao cabelereiro e pedi que cortasse tudo! Eu quero me reinventar falei e ele “Querida, você pode se reinventar como quiser, mas eu te conheço muito bem e sei que quando essa fase passar vai querer se reinventar de cabelo cumprido e não vai dar.

    Cortamos um pouco e depois, se você ainda quiser concluímos sua loucura”. E para sorte e vida longa dos meus cabelinhos, encontrei o caminho e a foto que eu tanto buscava, pelo menos a primeira de muitas que virão .


    As vezes mudar faz bem!

    6 de setembro de 2006

    Prefeito Graciliano

    Coisa boa é receber pacotes pelo correio. Hoje chegou a revista entrelivros e junto com ela um livrinho. Não sei se é só para assinantes, se for, aconselho à assinar logo, pois é o primeiro da coleção. Nele, no livrinho pequeno e pretinho, um lindo relato sobre a paixão dos livros por Ricardo Ramos filho e logo depois, os "Relatórios do prefeito de Palmeira dos Índios", cidade que Graciliano Ramos foi prefeito por dois anos, antes de renunciar.

    “Procurei sempre os caminhos mais curtos. Nas estradas que se abriram só há curvas onde as retas foram inteiramente impossíveis.
    Evitei emaranhar-me em teias de aranha.
    Certos indivíduos, não sei por que, imaginam que devem ser consultados; outros se julgam autoridade bastante para dizer aos contribuintes que não paguem impostos.
    Não me entendi com esses.
    Há quem ache tudo ruim, e ria constrangidamente, e escreva cartas anônimas, e adoeça, e se morda por não ver a infalível maroteirazinha, a abençoada canalhice, preciosa para quem a pratica, mais preciosa ainda para os que dela se servem como assunto invariável; há quem não compreenda que um ato administrativo seja isento de lucro pessoal; há até quem pretenda embaraçar-me em coisa tão simples como mandar quebrar as pedras dos caminhos...”

    4 de setembro de 2006

    Pedras no caminho

    " Pedras no caminho? Guardo todas. Um dia vou construir um castelo."

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    Depois de muitos e muitos R$100,00 pagos de multa por aluguel atrasado de DVD(sempre por motivos seríssimos, como preguiça depois da ginástica ou muito frio para sair de casa),tomo uma decisão. Agora só compro, não alugo mais nada. Isso foi há dois meses. A sala já está parecendo uma locadora e agora o problema se inverteu. Se antes eu não devolvia os filmes, agora são minhas amigas que não devolvem os meus e pior, não pagam multas. Neste momento fui procurar o filme, Crash e me lembrei que a esta hora, ele deve estar bem quentinho, dormindo na sala da Carol. O Jeito é assistir Match Point. Um pouco de Woody Alen a esta hora vai me fazer muito bem...

    3 de setembro de 2006

    Estamos condenados à liberdade



    Não há nada de mal em ser feliz, esquecer por alguns segundos do mundo lá fora e sentir-se plena seja lá onde for. Acredito porém, que esta frialdade em relação ao que acontece no mundo nos torna vítimas de uma culpa coletiva, ainda que muitas vezes imperceptível.

    O excesso de desgraças no mundo esta causando no ser humano um fenômeno estranho. Estamos nos acostumando às barbaridades cometidas contra a humanidade. Acordamos e viramos as paginas dos horrores como se tudo estivesse acontecendo em outro planeta.

    Afinal o que podemos fazer em relação a milhares de crianças africanas que, como esta, matará a fome de um abutre? Talvez nada.Podemos sim, fazer em relação ao Brasil! Podemos olhar, podemos enxergar o que esta diante de nossos olhos e parar de nos iludir quanto ao país do futebol. Nós temos fome sim! Temos crianças morrendo todos os dias por falta de água, de hospitais, mas principalmente por falta de vergonha e caráter de nossos políticos. Mas afinal, que culpa temos nós? Eles, os governantes, foram escolhidos por quem?Por abutres? Será que estamos esperando um premio Pulitzer de fotografia nos sertões do nosso Brasil? Como dizia Nietzsche : “Estamos condenados à nossa liberdade” É muito mais fácil vivermos seguindo as regras dos outros do que tomarmos consciência de que nós, apenas nós, somos responsáveis por nossas escolhas.


    Esta foto rendeu o premio Pulitzer de 1994 à Kevin Carter e deu mais resultado do que qualquer outra reportagem para chamar a atenção sobre a fome no continente africano. Porém, levantou a questão que acompanhou o fotógrafo até sua morte. O que ele tinha feito para salvar a criança? Todos queriam saber, e Carter dava diferentes versões. Chegou a declarar, em uma das suas últimas entrevistas, que odiava a foto. Kevin Carter suicidou-se aos 33 anos, em julho do mesmo ano, asfixiado com os gases do escapamento do carro.

    Pinacoteca de São Paulo



    O beijos dos desconhecidos

    Por isso não saio nunca sem minha camera...

    Um lugar ao sol e com muito céu...




    O que fazer num lindo sábado de sol? Voar!!!!
    Aqui bem pertinho de São Paulo, em Atibaia...
    Pedra Grande é um lugar lindo e ainda que esteja ventando muito e não seja possível voar, vale a pena só pelo visual.

    1 de setembro de 2006

    Filósosfos e esportistas

    “Os norte-americanos chegaram a liderar a partida por 33 a 21 no segundo período, mas pecaram no final do primeiro tempo, permitiram a virada dos atuais campeões europeus e perderam o controle das ações em quadra.”


    Uma pontinha de prazer rondou meus pensamentos esta manhã enquanto lia o jornal. Idiossincrasias a parte, o mês da primavera chegou vestido de azul e branco...